Roberto Gamito
28.02.23
o passado na folha
o presente na mão
o futuro na cabeça.
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Roberto Gamito
28.02.23
o passado na folha
o presente na mão
o futuro na cabeça.
Roberto Gamito
12.02.23
Regresso a mim inspirado no desenlace do mito do rei Erisícton. Ocupar espaços vazios, todo o jogo é isso, escreveu Gonçalo M. Tavares, até a gula, acrescento meu.
O jogo começa assim: a ave ensaia o voo onde o suicida perdeu o nome; a minha cabeça feita mármore já enceleirou um sem-número de profundidades; o corpo converte-se em labirinto
percorrido ora pelo amor, ora pela cólera. Queremos continuar a avançar neste xadrez onde as casas foram remodeladas em cadafalso; qual das peças escapará para contar a história?
A curiosidade cessa com a primeira cornada do Minotauro. A fome cataloga bichos e homens. Ensaia-se a verticalidade onde calha.
Aquilo que a memória rumina, o olfacto ressuscita — que perturbador! Demónios mudam de dono, saltitando de cabeça em cabeça: eis o legado — que as entrelinhas encontrem novos olhos.
Um homem que dá desgostos aos seus como empresas dão lucros. Fruto larapiado de uma árvore jamais imaginada.
Sempre a meio do trajecto
entre a queda e o regresso
nenhuma palavra, tudo é silêncio.
A guilhotina não interrompe o olhar do bobo. Onde tinhas a cabeça? Descansa aqui antes de continuares a tua odisseia de decapitado.
Cada palavra engolida pelo rei glutão gera um hieróglifo. Em faltando tempo, os homens preencherão as lacunas com deixas divinas — quão prodigioso é o desespero humano!
Cada frase engolida pelo tempo será uma semente de futuro adiado.
Silêncio, a arca
antidiluviana.
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