Roberto Gamito
22.01.21
O cambiante erótico desagrilhoa a fera, enaltece o Homem no reduto onde as palavras se evaporam e se precipitam como gemidos. O problema não resulta da sublimação da legenda. O quadro, o qual oscila entre o império do pó e o império do olhar, permanece ilegível. Num ápice, o retrato animaliza-se, acoita-se atrás da paisagem pintada virtuosamente pela fome, pela sede, pela mão do pintor. Suspiro, oráculo sucinto. Narrativa, a cantiga prolixa de um queixume mais ou menos sub-reptício. Alcanço a orla do precipício com a cabeça vazia. Nisto, saboreio a altura de olhos fechados. O perigo não resulta desse pensamento. A tautologia da expressão “pensamento crítico”. Adultero a queda graças à memória. Em acontecendo, o grito despertaria um a um os demónios.
Convenção começando na língua e acabando na carne. Um certo indivíduo, cujo nome ninguém recordará, compara alturas de cadáveres mitificados pelos livros. Silhuetas povoando as paredes. A mão sorteando a forma. A pupila procurando o nome na sombra.