Roberto Gamito
29.12.21
Afirmam-se curiosos no tocante ao tumulto nos lençóis, aficcionados da chapada nas nádegas e diletantes quanto às várias maneiras de levar a mulher ao céu; em resumo, acreditam deter o segredo da levitação orgásmica. Não preciso de me dar ao trabalho de pormenorizar o equívoco: o homem chafurda neste absurdo para afastar os parasitas da dúvida. A meu ver, levar a mulher ao céu é um empreendimento ambicioso. Proponho viagens mais modestas, a saber: levar a mulher até à vila, levar a mulher até ao talho, levar a mulher às compras.
Não hesito em asseverar que o pau humilde é um magro contributo para a felicidade da fêmea ou machos apreciadores de tal iguaria, porém, a ser verdade que a tal viagem ao céu se concretiza, temos de repensar o homem e seu pequenote.
Em chegando ao céu, a pila converte-se numa espécie de astronauta. O preservativo, apodado de capacete pelos mais velhos, ganha novas acepções. Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para o pénis. Mas a verdade é que, ainda que objectáveis os méritos de certos nabos fanfarrões, relativamente as suas alegadas prestações, estamos a falar, por norma, de pénis sem estudos. E aí reside o motivo do falhanço. Se a verga é inábil em catapultar a mulher até ao Cosmos dos orgasmos verdadeiros — que os há, já li sobre isso —, tal se deve ao seu magro currículo. Ao contrário do astronauta, o qual é um indivíduo que leva os estudos a sério, dado que no espaço é a diferença entre sobreviver ou morrer, o pénis o mais que alcança é o diploma da escola da vida. Afortunadamente, a cona não é tão criteriosa quanto um foguete: não liga ao currículo. De contrário, o homem teria de devotar a sua vida ao estudo antes de poder ingressar nela.
E nisso a cona é amiga: é uma personagem disponível a dar a mão aos desgraçados, aos astronautas sem qualidades. Por conseguinte, há-de extrair o máximo que puder de um aluno medíocre. Tudo para bem da ciência e do futuro da espécie — e com um orçamento bem menor que o da NASA.
Mulher: O que fazer com os homens que não nos levam a lado nenhum?
Eu: É atirá-los ao mar e deixar os tubarões tratarem do resto.