Roberto Gamito
09.11.21
Os caminhos teóricos estão cobertos de mato. Os papas da desconstrução proibiram a construção em altura.
Quem rega, afinal, as flores do mal?
Com o niilismo, o fim nunca será radioso, comenta o corvo empoleirado nesta história. O Senhor P. encontra virtudes nas guilhotinas se estas forem de esquerda. Dentro de momentos, caso não haja atrasos no estafeta, os leitores receberão o electrochoque da surpresa, que pilhará a altura das vossas dúvidas.
Instrui o oceano com a minha fúria, descartei o peixe miúdo e matei de fome o graúdo, condenei igualmente palavra e silêncio e aguardei pela Morte.
Resta-me espalhar a pólvora enquanto se aguarda pelas faíscas.
Sem delongas e sem retoques, ultrapasso o meu nome, eu que nunca o habitei de braços cruzados, rumo à ideia de um eu estupidamente superior a mim.
“Mas nada dura, tudo passa, tudo muda, tudo morre.” Não me façam esperar! Ainda morro com a senha na mão!
Comentário de um entendido em amoques: há uma necessidade de pôr por palavras o fogo predatório que nos faz crescer enquanto bárbaros. Um problema desta estirpe admite uma infinidade de soluções, isto é, uma infinidade de mortes. Seja como for, o espectáculo será grandioso.
Paixão, fazedora de todos os ódios e ópios, caminhos de outra laia. Há infinitas formas de adiamento, diz o burocrata-mor à morte.
A morte do lado de fora do guichet, do outro, o burocrata infalível. Quem morrerá agora? Será que é possível matar a morte de tédio? Em que posso ajudá-lo, pergunta o funcionário. Venho aqui para matá-lo, riposta a Morte ao burocrata. Espere um bocadinho, responde o burocrata, ainda não chegou a sua vez, sente-se ali na sala de espera. Mas ali estão os sonhos da humanidade, comenta a morte. Ao menos não lhe faltarão temas de conversa, retruca o burocrata. E assim se passou uma eternidade.