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Fino Recorte

Havia uma frase catita mas que, por razões de força maior, não pôde comparecer. Faz de conta que isto é um blog de comédia.

Fino Recorte

Havia uma frase catita mas que, por razões de força maior, não pôde comparecer. Faz de conta que isto é um blog de comédia.


Roberto Gamito

14.01.22

Desafortunadamente, o mundo das letras e por arrasto o das carnes estão a ficar doentiamente chatos. De há uns tempos para cá, é raro ver uma ratita alegre e um piçalho folgazão a espreguiçarem-se sem rédeas numas linhas de texto sacrílegas.
Pôr Jesus por extenso, que é como quem diz, ressuscitar Lázaros de baixo ventre com meia dúzia de palavras: eis um labor digno a que poucos se devotam. Ai meu Deus, o que pensarão de nós. Resultado: uma população de colhões e clítoris ou clitóris agrilhoada, obrigada a discursar numa língua sem pinga de tesão. Esta mão e a sua entourage pouco dada à pureza — refiro-me aos neurónios, não sejam porcalhões — dar-nos-á um nobre contributo: uma palmada nas nádegas do mundo com vista a espicaçá-lo e a catapultá-lo para as paradisíacas margens do prazer.

Seguem-se alguns fragmentos, os quais oscilam entre o relato e a ficção mais disparatada.

Mesmo nas barbas do abade, a freira entregava-se a um esfrega-esfrega sem parança. Segundo o ornitólogo, a pássara estava na muda da pena. Deus é amor, comentou a freira ao dar-se por satisfeita.

Num aposento menos religioso, o homem de picha brincalhona malhava com amor a cona húmida. Tudo isto acompanhado de gritos e deixas: “Fode-me, caralho, mais depressa! Fodes-me como se eu fosse de porcelana. Não metes o suficiente, gemia a fêmea. É o que tenho, ripostava o macho, onde é que vou arranjar mais caralho a umas horas destas — está tudo fechado ao Domingo.”
Em todo o caso, introduziu-lha na racha cantante, mergulhou-a até ao fundo, como se procurasse uma civilização perdida, e ela, não sei se séria, se a gracejar: “como é longa e traquinas”.
E vieram-se por inteiro.

O que importa é fazer amor
ora nas torres de marfim
encontrar entretém numa punhetita
ora num chavascal animado
por uma turba de conas famintas.

Como adorador de fanesga,
introduz a gaita
e seja nossa a tua música.

Será sempre uma distracção frutífera apresentar ao outro o que se acoita sob a farpela. Não há necessidade de votar a cona ao anonimato. Se há fome de celebridade, é encorajá-la a perseguir esse sonho.

Entretanto, num quarto numa dessas vilas de nome orelhudo, ouvia-se: “Lambe o néctar testicular, minha linda, pois amanhã apetecer-te-á esporra e eu posso já cá não estar". A mulher comparava a picha do parceiro com as que havia guardado na arca da memória e suspirou: ”Esta cona já viu melhores espécimes, enfim, é trabalhar com o que temos”. E todavia ela contorce-se, como diria Galileu se tivesse trocado a Física pelo mundo da pornografia. A porta de casa abre-se e o tesão sublima-se, passa de sólido a gasoso. O calmeirão foge com passinhos de bailarina com a picha tesa na mão, ao passo que a cona desolada cantará elegias que atravessarão os séculos. Foda interrompida é tragédia merecedora de todas as nossas lágrimas. Venham-se até se converterem em animais, até se esquecerem que sabem falar, não consintam menos que isso.

As fodas abortadas pela ingenuidade ou pela falta de traquejo na arte do engate amanhã roer-te-ão os tomates, meu caro homenzinho inexperiente. Propagandeia o vergalho, o teu moço de recados solícito, sem descanso, faz com que a agenda cresça em horas para acomodar fodas de última hora.

Enquanto as carpideiras choravam o enterro do caralho, o menino da cidade moveu-se para o campo à procura de cona biológica.
O que só prova que a malta nova liga muito à alimentação.

Quando ela ficou tesa como um cadáver, a princesa de anca travessa sovou o mangalho com a fenda palpitante. Malhou com tal fervor que fez lembrar um ferreiro da Idade Média. Só química nesta relação! De seguida, mamou esforçadamente o mangalho para deleite do homem. Por todo o lado espirravam moles de descendentes, por assim dizer, jaziam esporrados pelos quatro cantos do quarto vários projectos de futuras civilizações.

A queda do êxtase ocasionou alguns pensamentos pouco dignos, a saber: o almoço de amanhã, ter de levar o carro à revisão entre outras bagatelas. O homem tentava animar o soldado esforçado recorrendo à memória, bisbilhotando a secção das conas de colecção, na caixa e por abrir, de molde a não desvalorizar.

Após extenuantes negociações, a cona apossou-se do fundibulário murcho. E ensacou, tipo esquilo, caralho e colhões na bochecha. Não me perguntem se tal é possível, estou a vender o peixe ao mesmo preço que mo venderam.

O nível da esporra continuava a subir, os noticiários não passavam outra coisa. Ai o aquecimento global a chegar ao reino das cuecas húmidas. As terras foram conquistadas a pouco e pouco por cursos de sémen. As castores abandonaram os rios convencionais e mudaram-se para o rio argênteo — e os mais galhofeiros foram a correr construir um dique.

Reunidas na cave de uma cona experiente, as conas aprendizes formaram a guilda do pipi. Ao longo de séculos, este grupo secreto tentou engendrar uma prática que muitos julgaram impossível. Grosso modo, um pontapé nos tomates que, além de provocar a proverbial dor, obrigava o homem a esporrar-se. Se bem feito, isto é, se todos os colhões do mundo fossem brindados ao mesmo tempo com esse pontapé, o planeta seria inundado de leite de macho. Tal como nas esmolas, cada um contribuiria com a sua pinguinha.

Em menos de um ai, as mulheres dos quatro cantos do mundo (nessa altura o mundo era demasiado quadrado para ser redondo) abeiraram-se dos homens que viam naquela aproximação um prelúdio de festa rija, desabotoaram-lhes as calças, apoderam-se dos colhões ingénuos, sopesando-os qual merceeiros, e vá de pontapé nos abonos. Reza a lenda que, após o dilúvio, até o deserto começou a dar fruta.

Dilúvio de esporra, Roberto Gamito

 

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