Roberto Gamito
17.05.21
O mercado de trabalho é um lugar mágico. De cada vez que te foderem o juízo é como se levassem a cabo o teu desvirginamento. Saltas de primeira em primeira vez sem nunca chegares à segunda: sim, minha querida, dói sempre.
Depois de lhe irem ao rabo com ganas, evite ir logo para as redes sociais contar, com prosa de romancista, a experiência transformadora. Não é coisa que faça sentido entre publicações motivacionais.
Não seja demasiado severo com a pontualidade dos outros. A menos que tenha uma amiga com o hábito de o fornicar a horas certas.
Nunca se esqueça de dizer “tenha a bondade de me auxiliar” quando, de pichota entesada na mão, lhe mendigar um broche.
O sexo não é arena de influencers. Toda a pose é pose digna de figurar numa fotografia.
Se se cruzar com uma mulher perdidamente fodilhona, mesmo que seja um homem dedicado à carreira e a essas bagatelas, peça ao seu patrão quinze dias de férias. Se ele se mostrar intransigente, faça questão de lhe apresentar o problema. Se for humano, facilmente compreenderá a urgência do cenário.
Certifique-se que limpa bem os cantinhos da boca após o broche. Não queira subir ao palanque da palestra nessa figura. Caso se descuide, e suba ao palco com esporra nos lábios, dificilmente acreditarão quando estiver a falar do processo criativo.
Não se queixe à sua actual namorada de que a sua ex-namorada era puritana no quarto e que isso emperrou a sua língua no minete.
Não enfie um pepino avantajado na cona da sua namorada. É certo e seguro que doravante não se contentará com cenouras-bebé. Ou então esteja preparado para ser trocado por um vegetal encorpado.
Se a mulher tomada de calores não se importar de ser examinada na conaça, não lhe enfie a mão, mas o caralho. Diga-lhe que é um ginecologista da nova escola. Pode ser que ela ache graça.
Se apanhar a cozinheira com o rolo da massa no pipi, pergunte-lhe se esse é o segredo da sua cozinha. E ria-se se ela disser: “O que corto no sal, ponho de cona”.
Quando a mulher tem a cona a arder, pegue na mangueira macambúzia e tente, por todos os meios, controlar o fogo. Pelo sim, pelo não ponha o seu caralho no seguro.
Não peça ao poeta mais de três minetes por dia. Não lhe afadigue a língua, a sua ferramenta de trabalho.
Se houver confiança, diga-lhe: “Estás triste? Anda cá a casa que eu encho-te de tesão e exorcizo a tristeza”.
Prefira a clareza em vez da obscuridade. Opte por abordagens do género: “O senhor não deseja o meu cu?” Não atrapalhe o tesão dos outros com prosa barroca. Seja poeta, conciso e tenso.