Roberto Gamito
30.03.21
Suspiro: passaporte para o outro lado do espelho. Idílio violado pela razão.
O antídoto, o aguilhão desafinado. O contorno a giz à volta do peluche assinala a derrota. O cinismo broca a ficção.
Mas quem é o cínico senão um ingénuo que sinaliza outros ingénuos.
A montante um tigre em pleno salto capturado pela pintura do mestre. Errante e sem idioma, o homem satura a floresta de ensaios de fugas.
Sílabas de arremesso, quer dizer fulgurantemente poéticas, procuram laços junto do cocktail molotov. Alguém a quem chamar pai. Dedos absortos em gasolina pairam, suicidas, sobre o Inferno posto em palavras.
Derrocada reiterada todo o santo dia. Amei muita vez as ficções palradas pela luz. Dissimulei a Queda, simulei a rédea do desespero. Bamba arquitectura que vê no riso um sismo.
A faina do bálsamo falaz. Intempérie de parir Homens. Eclipse travesso ironizava a profecia. Deserto graúdo de mil ardis. Entre uma coisa e outra arengo a paz interior.