Roberto Gamito
08.04.21
Este texto não é uma crónica. Será que podemos, sem nos desmancharmos a rir, encarar isto como um presságio? Não faço ideia, faltam-me cadeiras para acabar o curso de profeta. No entanto, cá me arranjo, sei ler a sina. Ai sim, responde ela paulatina, é verdade, retruco eu de pau latino. Lê-ma enquanto me dispo, pode ser que o tesão ressurja.
Enquanto uns se empenham a catolizar o mundo, outros dedicam-se a capitalizá-lo. Às vezes, o nosso amigo cientista entusiasma-se ao rés de uma grande descoberta e solta as cobaias. Quando se dá conta do equívoco, recomeça de novo.
No sexo, embora trabalhador, o pénis é o único fulano isento do dever de picar à entrada e à saída. O que seria? No mínimo, seria burocratizar o acto de pinocar.
Falofórias — rituais gregos para celebrar a verga — ou falatórios em redor do pau. Até ao momento, ninguém me passou para as mãos um pé-de-cabra nem me ensinou o ponto onde se deve exercer força ou ousadia quando chega o momento de arrombar umas pernas. É tudo muito tentativa e erro e sem mostras de melhorar no campo da eficácia. A fazer fé nos boatos que se ouvem nos subterrâneos destas linhas, a solidão apossou-se do escriba. E vocês, provavelmente, estão-se nas tintas para estas histórias.
Continuava a patrulhar o horizonte com os olhos piscos, vencidos do álcool, como se esperasse ver algo surgir, sereia ou tesouro, vida ou morte, e eis que a mulher entra de rompante na sua vida, que é como quem diz, no bar. Foi aqui que pediram o belo do broche? Sim, exclamou o desgraçado entrapado, queimando os últimos cartuchos da esperança.
Empenhada em capitalizar a anca, comunicou que não se importaria de ser comida. De seguida, riu-se, é uma brincadeira, concluiu, e os homens ficaram com um cabeção tal que o bar parecia a Ilha da Páscoa.