Roberto Gamito
22.03.21
A noite sorteou-me a jornada e fui perder-me numa terra de parasitas. Décadas antes oh maravilha. Sorriso decadente, laivo de sanguessuga, eis o perfil dos que apadrinharam a minha chegada.
Uma trova de sandeu — oh que maravilha! — que une gume e veneno na mesma canção. O meu domínio sobre a fatia mais apetitosa da vida, depenada aqui e ali por facções de papagaios, foge-me das mãos em direcção à folha. E um solavanco que me conduz do mundo à ficção.
O descontente vampiro do bem trabalha de sol a sol, dá a vida pela labuta, logo vampiro como os outros. Pântano residencial. O atoleiro onde palco, palhaços e holofotes são engolidos. No alto, um bando gigantesco de aplausos dançando aereamente como estorninhos.
Sapateado em cima de telhas débeis. Amputado o verbo da língua, nunca mais proclamou nenhuma acção. Aquando do despiste emocional, moça de reboque. Um menino, uma certa noite e de chofre um homem.
Mais uma ida ao roseiral antes de a fórmula glacial se consolidar.