Roberto Gamito
09.04.21
O shaker nas mãos de um normalizador. Demónio ao colo do dogmatizador. Fala ou grito terminal. A centelha do início incendiando as linhas inclinam o jogo para o lado da paixão. No final, o marasmo, a repetição revelada. A fotografia nasce velha. O lucro como munição, o cadáver como marioneta, o palco como plano inclinado, o holofote como lente de magnificar. O filão recém-descoberto após o suspiro. Drible falível verso após verso, vómito só penas e morte. Um ribombar infalível em greve. A ineficácia de um gesto caleidoscópico. Vulnerável e em branco, a memória regressa com uma nova definição de precipício. Vendo em mim uma tela, a memória obriga-me a vir à tona do branco. Pausa para o almoço, interregno na querela, hora para pôr as respirações em dia.
Meretriz ou membro, a mão contabiliza as hérnias da alma, anos a carregar com o fardo da existência. A senha para um estado superior comerciada na candonga. Por breves momentos, os seres humanos superam-se. No resto da semana vergam-se. Adentra-nos a certeza de termos contribuído para o desastre. No epicentro dos universos múltiplos, Deus folheia as sinas do mesmo homem. A pujança de quem pôs as fichas todas na esperança. O cérebro carbonizado pela ansiedade.