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Fino Recorte

Havia uma frase catita mas que, por razões de força maior, não pôde comparecer. Faz de conta que isto é um blog de comédia.

Fino Recorte

Havia uma frase catita mas que, por razões de força maior, não pôde comparecer. Faz de conta que isto é um blog de comédia.


Roberto Gamito

12.03.21

A fazer fé nas linhas de Swift, pai do humor negro, autor de As Viagens de Gulliver, a sabedoria é uma galinha cujo cacarejo devemos valorizar e ter em consideração porque é acompanhado por um ovo. Não seria inútil analisar esta frase inteligentemente, porém, como o autor destas sílabas não se sente confiante ao abordar as coisas pela via da razão, vamos ater-nos, caros adeptos da escaramuça virtual, acólitos do fuzué das redes sociais, a uma abordagem mais humilde, mais em conta para uma criatura dotada de cérebro assustadiço, pois aí, na estupidez, sinto-me a jogar em casa. Quanto a mim, o ovo é fruto da repetição; tal impede-a de ser o que é, é o rasgo em direcção ao desconhecido. Esticando mais a corda da divagação, é o ovo que interrompe o Eterno Retorno doméstico. E aqui entra o ofício de paciência. Por vezes, e mais do que aquelas que conseguimos enumerar, na nossa vidinha monótona somos confrontados com o cacarejo, o eco, se preferirem, e isso causa-nos comichão na alma e brotoeja no cérebro; não obstante as nossas crenças, só queremos que tudo acabe o mais depressa possível. Todavia, se formos razoavelmente pacientes, a espera pode revelar-se frutífera. Abandonada a minha vetusta teoria de que a repetição é um tributo a um papagaio ancestral, o eco é, bem vistas as coisas, uma galinha invisível que, no seu dialecto repetitivo, anuncia ao mundo que vai pôr o ovo. Sem paciência, podemos cometer o equívoco de achar que há apenas o cacarejo. É crucial esperar o aparecimento do ovo, a semente da novidade, a qual está carregada de colesterol. No entanto, para que ninguém pense, nem nós nem o mundo, (e eu incluo-me no grupo pois não me tenho em grande conta) que a paciência é um ofício utópico, inalcancável às criaturas deste século, as quais foram hipnotizadas pela velocidade galopante, fui persuadido por uma lebre, uma vez que o pássaro incumbido de passar segredos e confortar-me nos momentos menos bons estava de folga, a trabalhar arduamente numa dissertação húmida e seríssima sobre essa figura singular que, sem dizer nada, diz tudo. Segue-se a explicação: o mundo é de tal maneira implacável que até para a cama temos de levar máscaras, liquidando, de uma vez por todas, aquela ideia de Woody Allen de que no sexo as pessoas revelam-se sem máscaras. Sem rodeios e sem aparato humorístico, a galinha e consequente ovo a que me refiro é a Diana Cu de Melancia.

Como não somos labregos nenhuns, apesar de visionarmos a boa da pornografia com a assiduidade de um atleta olímpico de topo, que é como quem diz, todos os dias são dias de treino, compete-nos uma análise cuidada, uma espécie de preliminar, coisa que agrada as fêmeas embora desagrade os impacientes. Enfim, somos cinéfilos premium no tocante ao refustedo, temos poses predilectas, sabemos calibrar o coração carente com o gemido da actriz, somos criteriosos com as cenas, e cada vez mais com a qualidade de imagem do vídeo. No mínimo, exigimos ver pipi e mamas baloiçantes em HD. Em suma, não oferecemos o nosso tesão a qualquer uma. Com a exigência a aumentar de dia para dia, o acto de bater a sarapitola aproxima-se, a passos largos, do amor. Os mais radicais, nos quais me incluo quando quero disparatar e andar à porrada, vão ainda mais longe. Garantem que o homem, espectador da arte da fodanga, é hoje mais exigente na escolha da vídeo, e por consequência da actriz pornográfica que o protagoniza, do que na escolha da mulher dita real que, em correndo bem, realizado o ritual do engate, lançado o engodo que enfeitiçará a mulher no sentido de passar a ideia de que o homem tem a minhoca certa, a qual será uma ajuda monumental, uma espécie de cajado apto a auxiliá-la no sinuoso caminho da felicidade. 

Sejamos sinceros, tal não constitui novidade nenhuma, e desconfio que as mulheres também se identificarão com isto. Provavelmente foi uma doença que apanhámos a ver Netflix, ou melhor dizendo, um vício que apanhámos ao desperdiçar horas a ver thumbnails. Ficámos absurdamente exigentes com a sétima arte. O problema é que estouramos o tempo no superficial e ficamos sem tempo para ir mais fundo. Evidentemente, há segundos sentidos a rondar a frase anterior. 

Na vida real, uma pessoa chega a uma certa idade e está por tudo, senta-se numa esplanada e assim que o primeiro peixe cai no balde damos a pescaria por terminada. A coisa muda de figura quando o intuito é premiar o pénis com arte. Aí temos de ser rigorosos. No mundo real, podemos abster-nos de escrutinar a cona, visto que pretendemos dar minutos de voo ao besugo, a fim de que as asas não enferrujem, agora no mundo da pornografia, no qual nos tornámos peritos, devemos querer o melhor. Aliás, enquanto homem, parceiro de uma cobra zarolha, acrescentando que as cobras são surdas, enfim, somos parceiros de uma deficiente, devo ser capaz, enquanto seu cuidador, de lhe oferecer boas experiências. Concluindo, não devemos escolher a actriz pornográfica que providenciará uma viagem ao nosso esperma de ânimo leve.

Finda a consideração acerca de como eu vejo aquela sétima arte para a qual nunca faltará público, estou disposto a favorecer esta crónica a partir de uma observação saudável, de pendor nutricionista. Vamos analisar a melancia. É um fruto com alto teor em água; segundo a Wikipédia, esse baluarte da credibilidade, cerca de 92%. Esta informação é útil, perguntará o leitor mais impertinente. Caro porém estúpido leitor, só sei responder a esta pergunta com um convicto sim. A água é o pilar da vida. Se formos a ver bem, a melancia é o quê? Água com pevides. A água é o que permite a existência de vida neste planeta. Não seria pouco científico da minha parte se me atrevesse a dizer algo como: o cu da Diana é o que permite a vida no Twitter. Cientificamente falando, é uma afirmação inatacável. Indo mais longe, passar minutos a apreciar o cu de melancia da Diana é uma forma de hidratar-me, aconselhável por todos os nutricionistas dignos desse nome. Aliás, sugiro que, uma vez que a escassez de água é um problema cada vez mais sério, que as pessoas deixem de beber água e passem a levar na carteira uma foto tipo passe do cu da Diana. E assim, imprevistamente, resolvi um dos maiores problemas que o Homem actual enfrenta. Com isto, ultrapassei a Greta na lista de pessoas que se interessam pelo futuro do planeta. Tudo graças à Diana Cu de Melancia. 

Desculpem se vos expandi os horizontes, se dei pasto para que o astrónomo que há em vocês pusesse a hipótese: Será que há cus de melancia em Marte? 

Isto é o máximo que estou autorizado a dizer sobre este tópico tão ingrato que é a vida; não era meu objectivo incitar uma controvérsia na comunidade pensante, mas a verdade é que a vida precisa de água, oxigénio e bons cus para se instalar num planeta. O resto são lérias para entreter meninos.

Até aqui tratamos, como é fácil de ver, de cacarejos. Chegou a altura de abordar o ovo. 

Diana Cu de Melancia informou os incautos, no twitter, sobre as potencialidades do sémen. Primeiro que tudo, alegra-me. Os homens, por muito estabelecidos que estejam nos seus negócios, estão sempre a recrutar relações públicas para falarem bem do esperma. É um orgulho ter a Diana como paladino da gosma láctea. Façamos o que fizermos, os elogios nunca serão suficientes. É a confirmação de que as minhas erecções e consequentes ejaculações foram dedicadas à pessoa certa. Doravante vou bater no palhaço com um sorriso nos lábios. 

De seguida, rematou com a frase “Há por aí voluntários para me hidratar?” A minha primeira reacção foi responder: Querida, patroa do meu tesão, é claro que há; aliás, o que não faltam por aí são candidatos para esse lugar apetecível; não digas isso em voz alta, ainda acabas com o desemprego em Portugal. Todavia, numa segunda leitura, própria de pessoa crescida, vi que estava a ser usado. Está bem que, quando estou a apaziguar o besugo, uso-te como alvo do meu tesão, mas isso não te dá o direito de te aproveitares de mim. Já estás armada em capitalista, contribuindo para a precariedade que grassa no nosso país. Querida, pensei que tínhamos uma relação diferente, mais profunda, mas no fundo só me queres escravizar o caralho, pôr o pénis a laborar de graça. Assim não nos entendemos. Magoas-me seriamente; o pénis tem sentimentos. Hoje vou varejar o pessegueiro com os olhos marejados de lágrimas.

 

Diana Cu de Melancia

 

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