Roberto Gamito
08.03.21
A caixa de Nestum recém-aberta tombou e eu, crente de que podia amparar-lhe a queda e minorar o prejuízo, joguei-lhe as mãos.
O gesto de bombeiro não surtiu efeito, creio mesmo que exacerbou a desgraça. Num ápice, adulterava-se a mesa limpa com serradura comestível. Gritei o meu fado, ninguém me acudiu. Limpei as lágrimas e o ranho e tentei apagar as marcas da minha aselhice.
É importante reconhecer que, nestes enleios, a ilusão de um futuro melhor ajuda pela soma de mãos que nos socorre como que dizendo: “Rapaz, não tombarás!”
Abrupto, alcanço o novo dia, confronto sem armas a nova incerteza. A experiência não resulta desse vaivém.
Será esta a nossa futura casa: a aldrabice mutável saltando de colo em colo qual cão pequerrucho. Findo o regateio das asas, ultimam-se os detalhes da peça à beira do abismo. Umas criaturas de branco içam-nos um a um com uma cana de luz. Anzol nas goelas, luz nas ventas. A jornada joeira sedentários e viajantes.
Entretanto arrefeço.