Roberto Gamito
18.05.21
Não apouque a mulher se ela não for grande espingarda na foda. Dê-lhe tempo e formação. E reprimendas no rabo.
Medite ou, em faltando tempo, masturbe-se. Seja como for, vai esvaziar a mente.
Antes de pôr as unhas numa cona, ajoelhe-se e agradeça a Deus por mais uma refeição.
Como retardar a ejaculação de um homem mais impaciente? Fácil, fale-lhe de coisas aborrecidas e, se tudo falhar, discorra sobre o humor português — aborrecido a ponto de retardar a mais apressada verga.
Se por acaso tiver um dia muito preenchido em matéria de fornicação, racione o gemido. Caso não poupe a voz, vai chegar ao terceiro apeadeiro afónica. Ou então terá de enfrentar deixas do tipo: “Queres caralho, minha puta afónica?”
Não se ponha a tagarelar sobre política a minutos de dar alpista à pássara. Nessa altura, a picha não distingue a direita da esquerda. Ao rés de uma crica, o pénis, feito humanista, só se interessa pelo direito do homem.
Enquanto leva a cabo o ritual de felação sofisticado, que é como quem diz, o lançamento do elogio à queima-roupa, se alguém aproveitar a sua posição para enrabá-lo, não seja picuinhas. Veja esse episódio como uma forma de fazer networking. Não digo para dar o cu, digo leiloá-lo. Se for mais desenvolto, até pode perguntar: “Quem dá mais por este cuzinho?”
Se estiver ao lado do poeta aquando de uma apresentação de um livro, faça questão de lhe oferendar uma punheta quando ele estiver a dizer um poema da sua lavra. Registe a mudança de timbre, a animalidade a apossar-se da língua. Como cantou Valete, o mundo muda a cada gesto teu.
Sedução, se bem feita, é simultaneamente uma conversa interessante e uma conversa para encher chouriços.
Será que devo comunicar-lhe que gosto de ser fornicada à bruta?
Será que irei passar uma má imagem de mim? Essas questões merecem chicote nas nalgas.
É-lhe interdito citar nomes de ex-namorados aquando da queca. A foda é um ritual animalesco, não é um sarau de filósofos em que cada um tenta engodar o outro com as palavras dos mestres.
Vou ou não?, questiona-se o homem no recato do seu lar. Em jeito de achega amigável, posso aconselhar-vos. As questões que devem estar em cima da mesa são: ela fode como uma desavergonhada ou como alguém capaz de extinguir o ânimo do caralho menos criterioso; chupa-o com ternura ou com sofreguidão; deixa-se enrabar se a ocasião se proporcionar? Espero ter ajudado.
Fuja a sete pés se ela é daquelas que, no prelúdio da foda, vem com aquelas cantigas de murchar caralhos, do género: “Sabes, quero contar-te uma coisa” Foda-se, mas somos homens, ou somos catraios de bibe a ouvir histórias? Se nos levantamos a altas horas da noite é para dar minutos de voo ao vergalho, não é para coleccionar historietas. Se fosse pelas histórias tinha ficado em casa a ver séries.
Se ela lhe atirar a penosa questão “amas-me?”, responda-lhe à Saramago. As perguntas que esperam de mim um sim ou não são reveladoras da parca inteligência de quem ousou trazê-las à baila.
Mesmo que chupe sardas há vários anos, receba o novo nabo com solenidade. O homem agradecê-la-á e só descansará quando estiver mais húmida que um arrozal.
Se lhe pedirem a cona, é melhor dá-la — lembrem-se de Deus, devemos ajudar os mais necessitados. Não se acanhe, transforme a sua cona na maior filantropa que jamais existiu.
Se é daquelas que diz que a vida é uma tela em branco deve consentir, para bem da coerência, que o seu macho ejacule, a tiros de carabina, para o seu corpinho. Nunca se esqueça que a ejaculação masculina é a mãe da arte abstracta, pelo que o pénis é provavelmente o primeiro artista que pisou a Terra.
Preciso de sexo, exclama uma mulher para a sua amiga. Precisas de sexo?, riposta a amiga. Com que então és feminista. Amiga, só as mulheres de cona agrilhoada é que se exprimem dessa forma.