Roberto Gamito
09.03.21
Igreja desfeita; no museu, a réplica da bomba que a mandou pelos ares. Aprumo concedido por mãos profissionais, farpela de quem apodrece e apadrinha os vermes. O labor, o lavor, o trator, o vapor, o terror. Lá em cima as ficções e as lengalengas.
Com passos de cinema, ingressa no bar, silente e firme, modificando o clima como uma erupção vulcânica. Veneno ou amor: palavras que me têm assombrado desde que as encontrei.
Superam ou acatam. Afagos ou chapadões. A paliativa punheta.
A depressão sorteia a lâmina. Em cada queda uma guilhotina. Vagabundo fidedigno parindo ruas desertas com seus passos. Após um episódio de nos tirar o verniz da educação, a criatura então amestrada aquiesceu num tipo de comportamento maquinal e entorpecido. Será este o nosso destino: moldar o que nos torna humanos para fins lucrativos alheios? A utopia da certeza?
Cadáver de Deus tornado palco de certezas, dúvidas e medos.
Sem delonga, dança jamais a par, no curto-circuito da incerteza, a mulher, numa coreografia de escárnio, aturava círculos concêntricos de mandíbulas ababalhadas.
Sem futuro, o beijo semisservia. Da vida à morte, resenha e grito, informava o fiscal da possibilidade com pensamento acrítico. Calendário sem colheitas, 365 dias de eclipse. Profetas labutam noite e dia para dar um fim digno a todas as coisas. Fim.